quinta-feira, 26 de junho de 2014

"Ma Vie En Rose" e sua crítica social

"Nós vamos nos casar quando eu não ser mais menino".

(Se você não assistiu ao filme, não leia. Brincadeira, mas... Teremos spoiler!)

O Cinema é um grande meio midiático para explorar as questões sociais que todos nós - infelizmente - estamos fadados e, evidentemente, o diretor belga Alain Berliner não deixou de aproveitar e deixar sua marca na sétima arte com o excelentíssimo filme europeu "Ma vie en rose" cujo título remete à canção "La vie en rose" da cantora Edith Piaff, foi lançado em 1997 e recebeu diversos prêmios ao decorrer dos anos. O último prêmio, por exemplo, foi em meados de 1998.

Enredo: Ludovic é um menino introspectivo que causa grande comoção em sua família quando decide se vestir e se comportar como menina. A situação cria uma grande confusão para os familiares e causa estupefação nas pessoas que os cercam.

A temática do filme é extremamente inovadora, visto que, em 1997 o mundo passara por grandes repercussões mundias (Morre a Princesa Diana, nasce a ovelha Dolly e blábláblá) e o Alain resolveu participar do movimento e deixar sua marca cinematográfica com um belo roteiro cheio de diálogos de quebras à moralidade cristalizada da qual estamos fadados, como por exemplo, quando Ludovic escuta uma das grandes frases do filme: "Regras são regras. Não tem que ter idade para entender".



O filme consegue expressar claramente as questões de sexualidade na infância, homossexualidade, identidade de gênero, discriminação social, transexualidade. No entanto, a ênfase é para a sexualidade infantil e a construção de gênero. O que mais choca no filme é a atitude de repressão de familiares, a tentativa falha dos pais de Ludovic de mostrarem à incoerência de seu comportamento e darem um choque de autoconsciência para que Ludovic entenda o seu corpo masculino, a sua posição de homem cis perante à sociedade quando o levam para fazer terapia. Tentativa, por fim, falha.
Eu acreditaria que podemos ver este filme como uma defesa à homossexualidade, porém, a gente sairia do foco central que é, afinal,  está narrando problemas morais e sociais maiores do que a sexualidade.

Quem assiste ao filme, consegue adentrar ao mundo colorido-rosa de Ludovic e emocionar-se com as suas descobertas e com sua recorrente pergunta: "Quem sou eu?". Afinal, quantos de nós já não nos fizemos essa grande pergunta quando éramos mais jovens, não é? Ludovic só desejava ser quem ele sentia ser, porém, teve que ir contra o seu íntimo desejo - partindo da esfera familiar, social e, sobretudo, com os amigos na hora de seu lazer, na escola sempre recebe o mesmo tratamento coercitivo. Em suma, "Ma vie en rose" nos dá questões para refletir: Por que repreender os desejos mais íntimos, por quê negar quem verdadeiramente somos, por quê seguir uma sociedade patriarcal? 
Reconheça as diversidades e aprenda a conviver com elas.

"Minha vida em cor-de-rosa" é um filme envolvente que sensibiliza do começo ao final do filme, vale muito vê-lo! Costumo pensar que alguns filmes nos acrescentam diversas coisas na vida e, claro, nos fazem crescer como pessoas: este filme não fica de fora.

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